Victoria 3: Vale a pena comprar?

  • Por Luciano Larrossa
  • 07/10/2022 às 8:55 atualizado em (29/10/2022 às 2:37)
  • 14min de leitura

Foi lançado, enfim, o novo título da Paradox Interactive, Victoria 3.

O título é conhecido pelos fãs de jogos de estratégia em larga escala há tempos, mas resta uma dúvida: Vale a pena desembolsar a grana?

Neste artigo, falaremos sobre seus pontos positivos e negativos para ajudar os indecisos a tirar suas dúvidas.

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Victoria 3: O que é?

Baseando-se na história mundial do período entre os anos 1836 e 1936, o jogo é a mais nova adição à renomada série Victoria.

Seu anúncio era esperado há muitos anos pela comunidade desde o lançamento da última DLC de sua versão anterior, Victoria II, em setembro de 2013.

Mapa Victoria 3

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Assim como seu predecessor, Victoria 3 (Vic3 ou Vicky 3 para os íntimos) nos oferece um mapa-múndi completo, com um cenário político complexo e rico em escolhas.

É possível estabelecer direitos ao voto mais abrangentes na Suécia, reformar leis sobre impostos no Brasil e abolir a escravatura nos Estados Unidos sem iniciar uma guerra civil.

O jogo oferece uma grande variedade de escolhas que nos permite reconsiderar como seria nossa realidade nos dias atuais se a história tivesse tomado rumos diferentes.

O jogador pode escolher investir em todas essas grandes ambições ou apenas focar-se em industrialização e comércio e estabelecer uma economia forte para sua nação de escolha.

Sempre há algo para construir durante as sessões de Vic3.

Malhas ferroviárias para o transporte de minério de ferro, universidades para que se incentive a inovação e a produção científica nacional e mais portos para importar e exportar recursos preciosos.

Não faltam também opções de construções que possibilitam a extração de matéria prima ou que oferecem alguma vantagem logística, como madeireiras, quartéis e fazendas. 

Victoria 3: Um Simulador de Construção?

Os jogos da série Victoria, contudo, não se reduzem a simuladores de construção. De acordo com o diretor de criação do jogo, Martin Anward, Victoria 3 é um jogo sobre agência.

Não importa que nação você escolher para liderar, ela sempre terá uma comunidade diversa com seus próprios objetivos, habilidades e desafios ao seu exercício de poder.

Conforme as circunstâncias da sua nação se modificam com o tempo, esses grupos vão encontrar formas de se unirem uns aos outros ou entrarem em conflito.

Entender quanto poder você tem e quanto você precisa para cooperar com esses grupos é essencial para obter êxito no jogo, não importam quais sejam seus objetivos.

Arte Promocional de Victoria 3

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por exemplo, no decorrer de uma partida, é possível que você mude para um processo de arquivamento mais eficiente para funcionários públicos, pra expandir sua capacidade de tributação e tornar seu trabalho mais eficiente.

Para isso, são necessários mais burocratas e funcionários – mas o sistema educacional que você tem é inexistente e mais da metade do país é analfabeta.

É possível construir escolas públicas e desagradar aristocratas e membros do clero, grupos poderosos e influentes no país, tornando a aprovação desse projeto quase impossível a curto prazo.

Victoria 3: Conteúdo e Jogabilidade

Existe uma enxurrada de conteúdo em Victoria 3, e os desenvolvedores deram o show de acessibilidade na interface.

O novo sistema de lentes fornece atalhos diversos, permitindo que você tenha rápido acesso a dados de comércio, militares, políticos e muito mais.

A acessibilidade expandida não para por aí. A Paradox também avançou bastante em questão de tutoriais no Victoria 3. Quando você começa um novo jogo, o jogo solicita que você escolha um objetivo.

Além dos objetivos de domínio econômico, supremacia militar ou sociedade igualitária, há também o objetivo de aprender a jogar.

Nesse modo, é possível selecionar entre quatro países iniciais sugeridos ou escolher o seu próprio, o jogo fornecerá um suprimento constante de tarefas para concluir através de um menu de diário.

Ao jogar com o objetivo “aprender a jogar”, o menu de diário também lhe guiará passo-a-passo em como realizar cada tarefa e te dará uma boa justificativa para fazê-lo, mas apenas se você pedir.

Os primeiros objetivos incluem botões que dizem “mostre-me como” e “diga-me por quê”, junto com um outro botão que permite pular uma lição específica completamente.

Gameplay de Victoria 3

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Victoria 3: Tutorial Livre

Anward também diz, em entrevista, que o design do tutorial do Victoria 3 é uma tentativa de resolver algumas questões trazidas pela comunidade há muito tempo.

A equipe queria evitar que os jogadores se sentissem “presos” a uma experiência sem muita agência e permitir que os jogadores escolhessem a nação que desejassem.

Os jogos passados da empresa forçavam os jogadores a começar em algum lugar específico, como a Irlanda, Itália ou Espanha, por exemplo.

Victoria 3: Sistema de Menu de Diário

O uso de um sistema de menu de diário que funciona com qualquer nação também livra a equipe da necessidade de reescrever completamente o tutorial toda vez que houver qualquer atualização significativa. Isso torna o tutorial um recurso persistente.

Esse sistema funciona em conjunto com o sistema de notificações introduzido no Crusader Kings 3 para tornar o aprendizado de Victoria 3 o processo mais suave que já existiu em um jogo da companhia.

Se você já jogou Hearts of Iron IV ou Crusader Kings 3 por algum tempo, você naturalmente está em vantagem em relação aos novatos.

Para os usuários mais experientes, ter a opção de pular alguns dos conceitos básicos significa que o modo ‘tutorial’ em Victoria 3 ainda vale a pena ser jogado, e você pode ir direto para as partes que ensinam novos conceitos.

Victoria 3: Sistema Militar e de Diplomacia

Ainda não se têm muitas informações sobre o sistema de diplomacia e as mecânicas de combate do jogo, por estarmos ainda há dias do lançamento oficial.

Embora eu esteja pessoalmente empolgado com as novas abordagens de Victoria 3 em ambas as esferas conceitualmente, a falta de maiores informações por parte dos desenvolvedores é desanimadora.

As ações diplomáticas exibidas quase sempre parecem funcionar como cronômetros de contagem regressiva para a guerra, em vez de oportunidades para resolver uma crise de outra maneira;

Contudo, isso pode ser devido às circunstâncias limitadas em que se apresentaram tais ações durante as transmissões dos desenvolvedores.

Menu de Industrialistas em Victoria 3

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conforme explicado pela própria Paradox, o jogador não tem nenhum controle direto sobre as unidades de combate em Victoria 3, e essa certamente já é considerada uma questão controversa para a comunidade.

Jogando com o Brasil, é possível travar combates na revolta dos Farrapos em duas frentes, mas o papel do jogador nela é simplesmente nomear generais e atribuí-los às frentes onde as tropas são mais urgentemente necessárias.

É um sistema que faz sentido tematicamente, líderes de nações não costumam se preocupar com o comando operacional de brigadas e divisões individuais.

Na prática, contudo, pode deixar os jogadores com pouco a fazer além de construir novas fábricas de armas e procurar as melhores ofertas internacionais de canhões e navios de guerra.

Pessoalmente, não vejo como um problema, mas como mais uma variável a se lidar na constante avaliação de fatores a se lidar no processo de tomada de decisão que rege a estrutura fundamental do jogo.

Victoria 3: Impacto Bélico

As guerras travadas foram têm um impacto econômico real proveniente delas.  Tornar a guerra dispendiosa foi um dos principais objetivos do projeto de Victoria 3, com base na experiência em Crusader Kings 3.

Conflitos maiores e mais longos podem impactar a economia quando não se consegue assinar logo um termo de paz. 

Victoria 3: Visuais e Economia

Os veteranos do Victoria II, como eu, podem ficar um pouco chocados com o quanto o comércio se torna mais abstrato na nova versão.

As rotas comerciais entre as nações só podem estar abertas ou fechadas, não é necessário se preocupar com a quantidade de mercadorias que seu país está importando ou exportando;

As demandas do mercado determinarão as quantidades que você envia.

Me parece mais uma jogada bastante inteligente.; É menos uma coisa a se fazer, simplificando o processo de tomada de decisão.

Simultaneamente, essa jogada produz uma simulação mais crível de uma economia focada em importação/exportação.

Nação e líder de Siam

Victoria 3: Questões dos Jogadores

Há coisas que os jogadores relatam que gostariam que fossem mais fáceis de encontrar em Victoria 3;

Por exemplo, uma lista concisa das rotas comerciais abertas ou uma maneira de abrir rapidamente o painel de informações de um país quando se está olhando para um de seus estados componentes.

Os jogadores também relataram que desejavam que a fila de construção aparecesse mesmo quando selecionassem um estado em que nenhuma construção estivesse em andamento.

Estas são queixas que são compensadas, segundo os mesmos jogadores, muitas vezes pelo número de decisões de design bastante inteligentes.

Essas escolhas se combinam para tornar o jogo Victoria 3 uma experiência surpreendentemente agradável.

Apesar de meu encanto pelo belo mapa de papel e paisagens pictóricas de Crusader Kings 3, e ainda mais pelos projetos criados pela comunidade para o jogo.

As belas fortalezas e cidades do projeto A Game of Thrones e os incríveis visuais de Elder Kings 2 são belos exemplos.

Victoria 3, porém, é considerado como o jogo mais visualmente atraente da Paradox até hoje.

Victoria 3: Visuais Surpreendentes

Quase se pode sentir os zéfiros da brisa do oceano ao aumentar o zoom para ver suas cidades costeiras como Estocolmo e Boston.

As folhas de outono rodopiam quando o trem sai de Bruxelas a caminho de Luxemburgo, e ao afastar o zoom revela outro lindo mapa de papel ilustrado. Detalhes cartográficos atualizados em tempo real e rotulados em uma fonte imponente de agrimensor compõem o mapa.

A apresentação, do mapa à interface do usuário, é um banquete visual de semiótica agradável, segundo os jogadores.

Victoria 3: A versão testada vs. Versão Final

Apesar dos testes de Victoria 3 terem sido há algum tempo, a versão jogada pelos testadores foi melhorada, mas possuía alguns problemas óbvios.

Havia linhas de código no lugar de localização em alguns pontos e textos exibindo a mensagem “o jogador nunca deveria ver isso”. 

Ainda assim, a prévia foi animadora. Os diários de desenvolvimento de Victoria 3 publicados desde o ano passado pintaram uma imagem extremamente ambiciosa de um um jogo bastante inovador de estratégia global.

Parte da comunidade compara o desenvolvimento do jogo a uma catedral, construída a partir de sistemas mutuamente dependentes que se unem para fornecer uma experiência única. 

No lançamento, pode-se avaliar que os problemas encontrados na versão de teste foram solucionados.

No meu caso, iniciei a produção do presente artigo com enormes dúvidas se o jogo valeria a pena do salgado preço atual, reflexo das políticas mais recentes de precificação da Paradox. Isso fez com que o preço de seus produtos quase dobrasse.

Preços de Victoria 3

Sem dúvidas, é um produto com um preço muito mais salgado do que o mercado brasileiro espera e de longe o título mais caro da empresa. Então, nos resta a dúvida. Vale a pena comprar?

Victoria 3: Vale a pena comprar?

É o primeiro jogo da Paradox da leva mais recente que possui uma interface inteiramente na nossa língua nativa, o Português do Brasil.

O fã brasileiro pode comemorar, porque o jogo está com os menus completamente localizados na nossa língua tupiniquim e é uma pena que não exista nenhuma imagem do jogo localizado disponível.

Contudo, comprar o jogo em reais pode sinalizar aos acionistas da empresa que existe um mercado para produtos localizados em Português do Brasil. Isso pode encorajar a empresa a adotar mais vezes a localização de seus jogos na nossa língua.

Tradução Victoria 3

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma característica do que envolve os jogos da Paradox, é a otimização do jogo para viabilizar que modificações criadas pela comunidade (os famosos mods) possam ser usufruídas pelos jogadores. 

Os modders (criadores de modificações) têm organizado há dois anos uma convenção para apresentar suas modificações para a comunidade e exibir o trabalho realizado.

Por exemplo, eu mesmo faço parte de duas equipes de modificações de Crusader Kings 3. A modificação A Game of Thrones, conversão total do jogo, baseada no universo de G.R.R Martin e a modificação Elder Kings 2, baseada na série de jogos The Elder Scrolls. 

Como todos os jogos da distribuidora, foram disponibilizadas ferramentas e otimizações de código que facilitam a criação de modificações criadas pela comunidade.

É perceptível a atenção que os desenvolvedores da Paradox dão à comunidade de modificadores, que oferecem gratuitamente adições que são vistas por muitos como pontos altos dos jogos da empresa.

Durante o processo de escrita do artigo que você está lendo nesse exato momento, eu abri a minha conta da Steam e desembolsei esses quase trezentos reais.

Sim, eu adquiri a versão Grand Edition. Os últimos parágrafos se destinaram a convencer aos leitores e à minha família de que essa foi uma boa decisão.

Logo da Modcon 2

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Victoria 3: Concluindo

Eu ainda estava irresoluto em minha indecisão, apesar de já saber dos maiores pontos altos apontados pelos testadores.

O suporte às modificações, a localização em Português do Brasil e o progresso em relação à mecânicas e à acessibilidade no jogo não me convenciam de que o jogo valia o valor cobrado.

Decidi, então, abrir um dos vídeos demonstrativos de jogabilidade feito pelos próprios desenvolvedores.

Me impressionei com as belas artes das telas de carregamento e da interface extremamente similar à de Crusader Kings 3. Então, me deparei com ele, uma pequena joia quase imperceptível, mas incrivelmente valiosa para mim.

O botão de nação aleatória estava presente, em toda a sua glória.

Este botão me possibilitará pular toda a fase de indecisão em que me encontrei diversas vezes em jogos da empresa.

Ao me deparar com tantas opções interessantes e diferentes entre si, tive muita dificuldade em me decidir, então é bom poder focar diretamente em uma decisão arbitrária feita por uma máquina.

Isso me possibilita descobrir cenários que eu jamais exploraria se eu decidisse por mim mesmo ou perguntasse a outros membros da comunidade.

Botão de País Aleatório em Victoria 3

Em resumo: Sim, vale a pena comprar Victoria 3. Mas, para os menos apaixonados, aconselho esperar por uma promoção.

Existem promoções frequentes na Steam, então se atente a elas!

Segue aqui um link pra vocês saberem mais: Steam Sale: 10 dicas para conseguir jogos pelo melhor preço

Ainda não se decidiu?

Separamos alguns links para te ajudar!

Ficou mais fácil decidir comprar ou não Victoria 3?

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